Em todos os setores produtivos, as inovações tecnológicas visam a introdução ou o crescimento de empresas no mercado. A adesão ou o desenvolvimento de produtos ou serviços inovadores podem determinar o sucesso ou o fracasso de empresas, inclusive daquelas já bem estabelecidas no mercado.
Clayton, em seu livro, conceitua dois tipos de tecnologias: as incrementais e as de ruptura. Segundo o autor, as tecnologias incrementais são aquelas, que aplicadas a um determinado produto ou serviço, melhora o seu desempenho e satisfazem os anseios dos seus clientes habituais. Já as tecnologias de ruptura alteram os valores até então disponíveis, criando novos mercados ou serviços, inicialmente com novos produtos de menor desempenho a curto prazo, mas que satisfazem uma parcela de clientes insatisfeitos com as opções até então disponíveis.
Por fornecerem margens de lucros inicialmente inferiores às outras tecnologias já estabelecidas, muitas vezes os grandes players dos setores não se interessam por aquelas tecnologias de rupturas e não se preocupam em desenvolvê-las. Contudo, com o passar do tempo, o novo mercado vai se consolidando, aumentando e acaba por se tornar grande suficiente para levar grandes empresas à derrocada. Acompanhar as evoluções tecnológicas de cada setor significa sobrevivência.
Um exemplo clássico de tecnologia de ruptura que levou à falência uma grande empresa foi o desenvolvimento das câmaras fotográficas digitais. A tecnologia digital destruiu totalmente o mercado convencional de fotografias, levando a KODAK à falência, por não acreditar que máquinas digitais iriam substituir os processos tradicionais de tomadas fotográficas e revelação, mercado em que ela dominava totalmente. Ironicamente, a KODAK foi quem desenvolveu a tecnologia digital, mas a alta gestão da empresa não acreditou no potencial que ela mesma criou!
Podemos citar algumas tecnologias de ruptura na saúde que alteraram significativamente esse mercado. O desenvolvimento das lentes de contato descartáveis, cirurgias endoscópias e testes rápidos de glicose estabeleceram uma posição confortável no mercado para a Johnson & Johnson. Curiosamente não foi a Johnson quem criou essas tecnologias, mas atenta ao mercado, adquiriu as empresas menores que as desenvolveram.
Na Odontologia, as tecnologias CAD/CAM, escaner intraoral, alinhadores estéticos e tomógrafos cone-bean podem ser citados como algumas tecnologias de ruptura, pois criaram novos mercados e atenderam a uma parcela de consumidores antes não atingidos. Por outro lado, os braquetes autoligados e equipamentos de raios X digitais equivalem às tecnologias incrementais, uma vez que melhoraram produtos já existentes, sem alterarem o mercado já consolidado.
Se a área de saúde também se comporta como qualquer outro setor produtivo, qual o grande dilema? Diferente das outras áreas onde o avanço tecnológico, seja de ruptura ou incremental, normalmente substituem tecnologias antigas e barateiam a cadeia de produção, na área de saúde esse fenômeno não é observado, pois as novas tecnologias em saúde não são, na sua quase totalidade, substutivas e sim complementares, o que eleva o custo da saúde.
Para ler mais:
Referências:
CHRISTENSEN, Clayton M. O dilema da inovação: Quando as novas tecnologias levam empresas ao fracasso. 2012 – São Paulo – M.Books do Brasil Editora Ltda.