O ácido fólico representa uma forma sintética de folato, utilizado como suplemento alimentar para as gestantes, na prevenção de defeitos da formação do tubo neural que, na embriogênese, origina o sistema nervoso central. Esses defeitos podem incluir espinha bífida, anencefalia e falhas no fechamento do tubo neural. A suplementação 4mg (400μg) diárias de ácido fólico é internacionalmente recomendada durante as 12 primeiras semanas de gestação. Idealmente, essa suplementação deveria se iniciar a partir do momento em que se desejaria engravidar e ir até o final do primeiro trimestre de gravidez. Alguns trabalhos realizados sugerem que o ácido fólico também previne a formação de fissuras labiopalatinas e defeitos congênitos cardiovasculares.
Um estudo conduzido na Irlanda, com 11134 nascidos a termo, entre dezembro de 2007 a junho de 2008, apresentou resultados satisfatório na redução das fissuras labiopalatinas no grupo com suplementação de ácido fólico. Da mesma forma, 1336 crianças nascidas entre 1996 a 2001 na Noruega, com fissuras (573) e sem fissuras (763), foram avaliadas quanto a utilização de suplementação alimentar e a presença de fissuras. O resultado desse estudo indicou uma redução de 33% de casos no grupo com suplementação de ácido fólico.
Embora esses resultados pareçam bastante animadores, ambos os trabalhos foram retrospectivos e realizados por meio de coleta de dados por questionários, o que pode gerar diversos vieses metodológicos. Uma revisão sistemática da literatura realizada em 2015 confirmou a eficácia da suplementação de ácido fólico na prevenção de defeitos do tubo neural, mas nenhuma confirmação favorável ou desfavorável na prevenção de fissuras, devido à pouca quantidade de dados para análise. A realização de ensaios clínicos randomizados, na determinação do grau de prevenção de más formações faciais, com o uso do ácido fólico, trariam maiores informações, mas poderiam esbarrar em aspectos éticos, uma vez que sabido dos efeitos preventivos sobre as más formações do tubo neural, o estabelecimento de um grupo controle, sem utilização da suplementação, não seria viável.

Referências:
- Kelly, D. ; O’Dowd, T. ; Reulbach, U. Use of folic acid supplements and risk of cleft lip and palate in infants: a population-based cohort study. British Journal of GeneralPractice, e466-e471, July 2012.
- Wilcox, A.J. et al. Folic acid supplements and risk of facial clefts: national population based case-control study. BMJ, doi:10.1136/bmj.39079.618287.0B January 2007.
- De-Regil, L.M. Effects and safety of periconceptional oral folate supplementation for preventing birth defects. Cochrane Database of Systematic Reviews, Issue 12, 2015.