As mecânicas ortodônticas se baseiam nos princípios físicos de aplicação de forças sobre um determinado corpo. Nesse aspecto, todos os conceitos da física que incluem a determinação do centro de resistência, do centro de rotação, dos vetores de força e suas resultantes se aplicam diretamente na quantidade e na qualidade dos movimentos ortodônticos. Dessa forma, seria razoável se pensar, pelos mesmos princípios, que ao se aumentar a magnitude de uma força sobre um dente, esse se moveria mais rapidamente. Apenas mais um conceito mecânico da física pura!
Devemos levar em consideração que todos esses conceitos físicos estão sendo aplicados em um ambiente em que a resposta ao estímulo físico desencadeará uma cascata de eventos biológicos e bioquímicos, capazes de traduzi-lo em diversas e diferentes respostas celulares, com a ativação dos clastos e blastos. Nada mais natural, então, de se tentar fazer uma correlação direta entre o aumento de força ortodôntica e o aumento do número de clastos e blastos ativados.
Porém, isso não ocorre!
Em um recente trabalho experimental, onde se testou os graus de atividades clásticas decorrentes de diferentes magnitudes de aplicação de forças sobre os dentes, foi constatado que existiu um limiar de resposta biológica à essa variação de magnitude. Após um certo limite, observou-se uma saturação da quantidade de ativadores celulares (RANKL) e do número de clastos presentes na área do ligamento periodontal, indicando que o aumento da força aplicada sobre os dentes não acelerou o seu movimento e que somente aumentou os riscos dos efeitos indesejados, como a reabsorção radicular, decorrente do excesso de força que provocou o colabamento dos vasos sanguíneos do ligamento periodontal, resultando em maiores áreas de necrose (hialinas).
Dessa forma, no aspecto clínico e biológico, quanto maior a força aplicada, menor o movimento!
Para ler mais:
https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/ortodontista-o-que-e-a-sua-especialidade/
Referência bibliográfica
- M. Alikhani et al. Saturation of the biological response to orthodontic forces and its effect on the rate of tooth
movement. Orthod Craniofac Res 2015; 18(Suppl.1): 8–17.