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metabolismo ósseo

O tratamento ortodôntico dói! O que posso tomar?

Embora a sensibilidade à dor tenha uma característica individual, onde alguns pacientes sentem pouca ou até nenhuma dor enquanto outros apresentam grande sensibilidade dolorosa, de forma geral, o movimento dentário induzido ortodonticamente apresenta, sim, uma reação dolorosa!

O motivo pelo qual existe essa reação é explicado pelos fenômenos biológicos induzidos pela aplicação de uma força física sobre os dentes e seus tecidos de suporte, independentemente das diversas formas de aplicação pelos aparelhos, sejam fixos ou removíveis. A transformação do estímulo físico em uma reação biológica envolve diversos eventos e atividades celulares, nos quais o processo inflamatório, local e acéptico, apresenta grande relevância.

Nesse sentido, a dor provocada pelo movimento ortodôntico é resultante da formação de subprodutos da inflamação, principalmente das prostaglandinas, originadas das quebras do ácido aracdônico (AA) e reconhecidamente mediadoras químicas de dor. Dessa forma, a sensibilidade dolorosa do tratamento está diretamente ligada à concentração das prostaglandinas no espaço do ligamento periodontal e à suscetibilidade individual dos pacientes. Dentro de um aspecto normal de aplicação de forças ortodônticas, espera-se um quadro doloroso mais intenso apenas nos primeiros três dias após a ativação dos aparelhos, período no qual existe uma alta concentração local de mediadores inflamatórios, que paulatinamente vão diminuindo sua presença e, consequentemente as reações de dor.

Diante desse quadro, frequentemente os pacientes nos questionam sobre a utilização de algum medicamento capaz de reduzir ou eliminar a dor. No arsenal de medicamentos analgésicos existentes no mercado, podemos destacar dois grupos distintos: Os analgésicos não esteróides (AINEs) e os esteóides (AIEs) ou corticóides. Contudo, ambos apresentam características antiinflamatórias, o que pode trazer algum prejuízo ao movimento dentário. Então, diante desse fato lembre-se:

Os AIEs são muito potentes e inibem o processo inflamatório numa etapa bastante inicial da cadeia de eventos, impedindo a formação do AA. Dessa forma devem ser evitados.
Os AINEs bloqueiam o processo inflamatório após a produção do AA, sendo que para atuarem como antiinflamatórios devem ser prescritos por um período de tempo mais prolongado. Dessa forma, a utilização de AINEs por três ou quatro dias terá apenas um efeito analgésico, interferindo pouco no movimento ortodôntico. Podem ser prescritos, mas por no máximo quatro dias.
O paracetamol ou acetaminofeno apresenta característica analgésica, por bloqueio no Sistema Nervoso Central, com pouca interferência no processo inflamatório, o que faz desse medicamento a principal escolha.

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/ortodontista-o-que-e-a-sua-especialidade/

Bibliografia:

Theodosia Bartzela, Jens C. Türp, Edith Motschall, and Jaap C. Malthad. Medication effects on the rate of orthodontic tooth movement: A systematic literature review. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2009; 135:16-26.
Oscar R. Arias and Maria C. Marquez-Orozco. Aspirin, acetaminophen, and ibuprofen: Their
effects on orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2006;130:364-70

2 de novembro de 2017 0 comentário

Ortodontia

Contraindicação para o tratamento ortodôntico: O periodonto é o vilão!

escrito por eniomazzieiro

Quando me perguntam qual a principal contraindicação para um tratamento ortodôntico, a resposta é bem simples: Condição periodontal.

Embora a crença popular determine a idade como um possível impedimento ao tratamento, essa visão leiga tem sua raiz em anos passados, quando a Ortodontia era quase que exclusiva para pacientes jovens ou crianças e o perfil dos consultório e clínicas apresentavam uma clientela com 90% dessa característica.

Hoje, com o avanço dos conhecimentos ortodônticos, das técnicas, da compreensão dos diversos eventos biológicos envolvidos nos movimentos dentários induzidos pelos aparelhos, aliados à mudança do perfil populacional com as suas necessidades protéticas e estéticas, podemos arriscar que 50 a 60% dos pacientes dos consultórios de ortodontia encontram-se na faixa etária superior aos 40 anos.

Com essa nova perspectiva, o grande questionamento então recai sobre as possíveis contraindicações para o tratamento nessa população. Obviamente, com o avançar da idade, alterações metabólicas e hormonais são uma constante, principalmente no sexo feminino quando atinge a menopausa. Nessa fase, a perda de densidade óssea pode ocorrer em consequência da diminuição do estrogênio circulante, ocasionando quadros de osteopenia e, nos casos mais graves, osteoporose. Além disso, outras doenças metabólicas relacionadas também à idade e que também tem o potencial de interferir no turnover ósseo podem estar presentes, como hipotiroidismo, hipertiroidismo e diabetes. Apesar disso, nenhuma dessas patologias contraindicam de forma definitiva o tratamento se estiverem sendo controladas por medicamentos e sob rigoroso acompanhamento médico.

A grande vilã nessa estória é a condição periodontal!

Avaliar as condições de sustentação dos dentes, como a quantidade e qualidade do osso alveolar e a presença de problemas crônicos periodontais, como gengivites e bolsas podem comprometer o tratamento de forma temporária, até que se resolvam os problemas crônicos, ou de forma definitiva, quando o nível ósseo está reduzido a menos de um terço do tamanho das raízes dos dentes. Ao fazer a opção pelo tratamento, adequar mecânicas e o planejamento, simplificando-o, torna-se essencial. Trace objetivos realísticos e possíveis! Lembre-se que, nesse caso, mágica não existe!

Condição periodontal após 8 anos de tratamento

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/a-ortodontia-e-o-envelhecimento-populacional-qual-o-nosso-futuro/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/ortodontista-o-que-e-a-sua-especialidade/

6 de setembro de 2017 0 comentário

Con.Ciência

A corticotomia e a velocidade do movimento ortodôntico: Pisando no acelerador?

escrito por eniomazzieiro

Um tratamento ortodôntico corretivo, com aparelhos fixos, duram em média 24 a 30 meses. Esse tempo pode ser reduzido ou aumentado devido aos fatores diretamente relacionados com o tratamento, como a gravidade da má oclusão inicial, as necessidades de extrações, a cooperação do paciente, assiduidade ao tratamento, o cuidado com os aparelhos e àqueles fatores relacionados aos processos biológicos dos movimentos dentários induzidos ortodonticamente, como a velocidade do turnover ósseo, densidade óssea, doenças metabólicas e hormonais e a própria idade do paciente.

O movimento ortodôntico se realiza por meio de uma cascata de eventos biológicos desencadeados por um processo inflamatório local asséptico de origem física. A aplicação da força física pelos aparelhos provocam as reações biológicas que culminam com a reabsorção e aposição do osso ao redor do dente. Em outras palavras, a Ortodontia se traduz em uma especialidade de manipulação do tecido ósseo via processo inflamatório local. Dessa forma, o controle da velocidade da movimentação ortodôntica tem sido estudado por meio da administração de drogas capazes de alterar o processo inflamatório ou o metabolismo ósseo.

As alterações da densidade do osso durante a vida tem sido relacionadas também às alterações da velocidade do movimento ortodôntico. Ossos menos densos responderiam mais facilmente aos estímulos da movimentação, o que explicaria as diferenças desses movimentos existentes entre crianças, adolescentes e adultos, bem como as diferenças entre os movimentos dentários provocadas na maxila e na mandíbula.

As alterações da densidade dos ossos longos, após sofrerem fraturas, foram observadas por médicos ortopedistas e relatadas como uma fase do processo de reparo dessas lesões no pós-cirúrgico. Observou-se um aumento transitório da remodelação óssea com grande invasão de clastos, rápida perda de minerais e cálcio e o estabelecimento de um quadro transitório de osteopenia e osteoporose. Esse fenômeno foi denominado de Fenômeno de Aceleração Regional ou RAP (Regional accelerated phenomenon). Efeitos semelhantes foram observados por Yaffe e colaboradores, em 1994, após cirurgias periodontais de retalhos gengivais mucoperiósteos, iniciando alguns dias após as cirurgias, com o pico de desmineralização entre 1 a 2 meses e que levaram de 6 a 24 meses para a recuperação da densidade normal. Os autores sugeriram que esse fenômeno era o responsável pelo aumento da mobilidade dentária após as cirurgias periodontais.

As corticotomias são procedimentos cirúrgicos que têm sido utilizadas na tentativa de se obter a aceleração do movimento ortodôntico. A desmineralização e a remineralização por elas provocadas representa um fenômeno regional de aceleração do movimento induzido pelo aumento do turnover do osso esponjoso alveolar. As corticotomias com finalidade ortodôntica possuem as seguintes características:

É um Fenômeno de aceleração regional
Aumentam a atividade osteoclástica
Somente o osso cortical é cortado ou perfurado
O osso trabecular permanece intacto
A Força ortodôntica pode ser aplicada imediatamente

Dentre as indicações para a técnica podemos citar:

Tratamento de apinhamentos sem extração
Aceleração do tratamento ortodôntico
Tratamentos de casos borderline orto-cirúrgicos
Extrusão de dentes anquilosados
Intrusão de dentes posteriores
Retrações rápidas de caninos

Embora a lista de indicações seja vasta, a extrusão de dentes anquilosados e a intrusão de dentes posteriores, ao meu ver, representam as melhores práticas clínicas para esse procedimento, pois devemos lembrar que, por ser um procedimento invasivo, efeitos adversos podem existir como dor, inchaço, perda de sensibilidade, perda de vitalidade pulpar e perda de altura de osso interdental e margem gengival. Além disso, recentes revisões sistemáticas da literatura indicaram poucas evidências científicas quanto a redução total do tempo de tratamento ortodôntico e um retorno à velocidade normal do movimento dentário após decorridos 3 meses da cirurgia, fazendo com que os autores não recomendassem, por hora, o procedimento como técnica rotineira na Ortodontia no intuito de diminuir o tempo total de tratamento.

Para ler mais sobre o assunto: https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/ortodontista-o-que-e-a-sua-especialidade/

Referências:

Avinoam Yaffe, Nachum Fine, Itzhak Binderman. Regional Accelerated Phenomenon in the Mandible Following Mucoperiosteal Flap Surgery J Periodontol 1994; 65:79-83
Eelke J. Hoogeveen, Johan Jansma, and Yijin Ren. Surgically facilitated orthodontic treatment: A systematic review. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2014;145:S51-64
Alaa M. H. Alfawal, Mohammad Y. Hajeer, Mowaffak A. Ajaj, Omar Hamadah and Bassel Brad. Effectiveness of minimally invasive surgical procedures in the acceleration of tooth movement: a systematic review and meta-analysis. Progress in Orthodontics 2016; 17:33

16 de março de 2017 0 comentário

Ortodontia

Ortodontista: O que é a sua especialidade?

escrito por eniomazzieiro

A Ortodontia é a especialidade da Odontologia que tem como objetivos posicionar de forma adequada os dentes nos arcos maxilares e mandibulares, equilibrar o crescimento craniofacial e harmonizar a face. Para que esses objetivos sejam alcançados, lançamos mão de diversos dispositivos e aparelhos, fixos ou removíveis, capazes de movimentar os dentes, estimular o crescimento ósseo e alterar a postura dos músculos faciais.

Os aparelhos ortodônticos imprimem forças aos dentes que, funcionando como um elemento de intermediação, levam esse estímulo físico ao osso e ao espaço periodontal, desencadeando uma cascata de eventos biológicos, que culminam com respostas celulares de reabsorção e de aposição de osso ao redor dos dentes e a consequente alteração da sua posição. Essa capacidade de resposta do tecido ósseo é decorrente da sua grande viabilidade biológica e envolvem mediadores químicos locais e diversas células responsáveis pelos processos de aposição e reabsorção do tecido ósseo e pela reorganização do espaço do ligamento periodontal.

Em outras palavras, a Ortodontia é uma especialidade da Odontologia onde se manipula o tecido ósseo!

Diante dessa perspectiva, devemos ter em mente que o metabolismo do tecido ósseo, no seu aspecto de normalidade, bem como qualquer patologia que possa interferir nesse metabolismo, relacionam-se diretamente com o movimento ortodôntico. Hipertiroidismo, hipotiroidismo, deficiências vitamínicas e de cálcio, deficiência de hormônios sexuais, osteoporose e as diversas drogas para o controle dessas doenças tem o potencial de interferir no grau do movimento ortodôntico. Algumas dessas drogas já foram experimentadas em laboratório no controle do movimento dentário.

1- Drogas que inibem a reabsorção óssea:

Estrogênio
Calcitonina
Bisfosfonatos
Vitamina D3
Diuréricos Tiazídicos
Progestogens

2- Drogas que estimulam a formação óssea:

Cálcio
PTH
Fluoretos
Vitamina K2
Esteróides anabólicos.

Para ler mais sobre o assunto:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/a-ortodontia-e-o-envelhecimento-populacional-qual-o-nosso-futuro/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/a-corticotomia-e-a-velocidade-do-movimento-ortodontico-pisando-no-acelerador/

Referências:

MAZZIEIRO, E. T., CONSOLARO, A. A dinâmica óssea e o movimento dentário ortodôntico – Parte I – Revisão de Literatura. Revista do CROMG. , v.6, p.10 – 17, 2000.
MAZZIEIRO, E. T., CONSOLARO, A. A dinâmica Óssea e o movimento dentário Ortodôntico – Parte II – O metabolismo do cálcio e a influência das drogas.. Revista do CROMG. , v.6, p.106 – 112, 2000.

22 de fevereiro de 2017 0 comentário