Em alguns blogs já escrevi sobre minhas opiniões a respeito da atual situação do ensino da Ortodontia e os caminhos que nossa especialidade tem tomado (veja os links no final). Mais uma vez, devido a minha perplexidade com os fatos corriqueiros que acabo tomando conhecimento, deixo aqui minha indignação e revolta. Muitos me questionam o porquê eu não faço o mesmo que vários profissionais no mercado e ofereço cursos para especialistas em Ortodontia, já que minha experiência na docência e minha titulação me capacitam para isso.
Então cabem alguns esclarecimentos:
- Sou professor de curso de especialização e já coordenei um mestrado em Ortodontia
- Sim, eu dou cursos para quem já é especialista, principalmente de Ortodontia interceptora
- Não sou contra quem se propõe a fazer isso, pois atualizar é sempre necessário
- Sempre que posso também me atualizo com colegas, isso é fundamental
Mas então o que me deixa perplexo? Simples. É ver que cada dia mais o ensino da Ortodontia está cada vez pior! Nos cursos, a venda ilusória de mecânicas e braquetes milagrosos se multiplicam mais do que lactobacilos vivos! Ortodontia não se resume em colar um braquete “milagroso” e passar fios de “última geração” na esperança de que tudo acabe bem. Muitos cursos têm negligenciado princípios básicos de diagnóstico, não ensinando devidamente cefalometria, traçados cefalométricos, interpretações das análises, jogando para os centros de radiologia essa responsabilidade. Oferecem poucas oportunidades clínicas aos alunos, pois a quantidade de pacientes tratados durante os cursos impedem o seu aprimoramento como especialista e, com uma filosofia “moderna” de mecânica, imputam aos braquetes o milagre do correto posicionamento dos dentes. Então, para os mais desavisados e iludidos esclareço:
- Todos os braquetes são fabricados de forma padronizada e seguindo valores médios anatômicos na sua arquitetura, o que significa que não irão apresentar valores ideais de angulações, inclinações, inset e offset para todos os pacientes.
- A anatomia dentária varia em cada paciente, o que implica em alterações positivas ou negativas na expressão das características arquiteturais dos braquetes.
- Simplesmente trocar o braquete de posição ou recolá-lo não vai solucionar os dois problemas acima.
Dessa forma, espero que aqueles que estão iniciando na especialidade possam ter uma orientação clara sobre esse aspecto. Fique atento pois ensinar a fazer dobras de primeira, segunda e terceira ordem nos fios é obrigação de todos os cursos de especialização!
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