A gestação na espécie humana compreende um período de aproximadamente 40 semanas, onde alterações hormonais significativas acontecem, sobretudo em relação ao estrogênio e à progesterona, conhecidos hormônicos capazes de interferir no turnover ósseo. Após a fecundação, os níveis circulantes desses hormônios aumentam gradativamente, até no momento do nascimento, quando sofrem uma queda abrupta.

O estradiol é um estrogênio produzido pelas gônadas femininas, placenta e alguns tecidos periféricos (principalmente adipócitos). Desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das características sexuais secundárias. Tem impacto na estrutura óssea e pode ocorrer oteopenia ou osteoporose se os níveis desse hormônio forem baixos. Alteração do nível de estrogênio é capaz de interferir na qualidade dos ossos cortical e esponjoso do alvéolo dentário, na qualidade da queratinização gengival, na ação protetora dos linfócitos T e estimula a proliferação dos fibroblastos. Como consequência, podemos observar um aumento da mobilidade natural dos dentes e uma susceptibilidade aos processos inflamatórios gengivais.
A progesterona é um hormônio gerado a partir da cascata do colesterol. Participa diretamente do turnover ósseo ajudando a manter a densidade mineral óssea e o conteúdo mineral cálcico. Atua também sobre parte do equilíbrio de água total no organismo. Alteração do nível de progesterona é capaz de interferir na permeabilidade vascular, na produção de prostaglandinas, na síntese de colágeno do ligamento periodontal, na proliferação celular, reduzindo o petencial de reparo do tecido.
Embora os efeitos das alterações desses hormônios sejam conhecidos e com um “POTENCIAL BIOLÓGICO” de interferir nos movimentos dentários induzidos ortodonticamente, no aspecto clínico, os tratamentos ortodônticos, em gestantes SAUDÁVEIS, não estão contra-indicados, uma vez que essas alterações acontecem dentro de um aspecto fisiológico e temporário. As possíveis alterações da quantidade de movimento dentário, nessa fase, não refletem diretamente no tempo total do tratamento planejado.
Para mulheres grávidas, o tratamento ortodôntico é normalmente considerado seguro, mas os profissionais devem entender que: (1) A sensibilidade costuma aumentar durante a gravidez; (2) A maioria dos analgésicos está proibida; (3) As alterações hormonais no corpo durante a gravidez podem aumentar o risco de gengivites e o aparelho ortodôntico pode dificultar mais a higienização e irritar as gengivas; (4) Ter conciência que alterações hormonais e medicamentos podem afetar a movimentação dentária ortodôntica; (5) No último trimestre de gravidez acontece um grande acumulo de água nos tecidos, aumentando o potencial de inflamação e sangramento periodontal.
Para ler mais:
https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/ortodontista-o-que-e-a-sua-especialidade/
Referências bibliográficas:
- Peruga, M.; Piwnik, J.; Lis, J. The Impact of Progesterone and Estrogen on the Tooth Mobility. Medicina 2023, v59, 258.
- Sachan, A.; Verma, V.K.; Panda S.; Singh, K. Considerations for the othodontic treatment during pregnancy. Journal of Orthodontic Research, 2013, v1, n3, p.103-6