Os tratamentos ortopédicos funcionais, conduzidos por uma variedade de aparelhos desenvolvidos ao longo dos tempos, propõem tratar os diversos problemas de más oclusões dentoesqueléticas. Dessa forma, temos aparelhos funcionais indicados para o tratamento de discrepâncias de Classes I, II e III, mordidas abertas, sobremordidas profundas e suas possíveis combinações.
O fundamento da ortopedia funcional dos maxilares se baseia nos princípios da teoria de crescimento da matriz funcional de Moss, onde um novo “padrão funcional”, estabelecido pelo aparelho, determinará um “novo padrão morfológico” de crescimento maxilo-mandibular e o reposicionamento dentário .
O novo “padrão funcional” se refere aos diferentes componentes do sistema orofacial, como a língua, lábios, musculatura facial, ligamentos e periósteo, enquanto o novo “padrão morfológico” às diferentes alterações dentárias estabelecidas pelo aparelho e ao novo equilíbrio esquelético entre maxila e mandíbula decorrente do estímulo de crescimento em quantidade e direção.
Embora, na teoria, os aparelhos funcionais estabeleçam novos padrões de crescimento, vale lembrar que o crescimento craniofacial apresenta uma grande complexidade, sendo influenciado por fatores genéticos e epigenéticos, onde a genética impõem as suas limitações. Em outras palavras, NÃO FABRICAMOS GIGANTES! Além disso, como esses aparelhos visam redirecionar o crescimento craniofacial, torna-se imperativo que o paciente esteja ainda em fase ativa de crescimento.
O Modelador Elástico de Bimler foi descrito pela primeira vez em 1949 e apresenta três variações de acordo com o tipo de má oclusão a ser tratada. O tipo A normalmente é o mais utilizado e está indicado para os casos de Classe II divisão 1. O seu desenho permite o reposicionamento mandibular, retrusão dos incisivos superiores, expansão dentoalveolar e a interceptação da sobremordida em desenvolvimento.

O tipo B é indicado para o tratamento da Classe II divisão 2 onde é necessário a vestibularização dos incisivos centrais, que nessa má oclusão se posicionam mais palatinizados. A ativação de uma mola Coffin ou de um parafuso, posicionado na estrutura palatina do aparelho, pode ajudar na expansão transversal. A ativação de molas digitais, localizadas na palatina dos incisivos superiores, vestibularizam esses dentes, permitindo o avanço mandibular.
O tipo C está indicado para as interceptações da Classe III.

Para ler mais:
- https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/devemos-tratar-as-classes-ii-precocemente/
- https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/ortopedia-facial-fabricamos-gigantes/
- https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/mas-oclusoes-quantos-tipos-existem/
Referências bibliográficas:
- Anna Barbara Bimler, Treatment of Class II/2 Occlusion with 30-Year Follow-up. Case Report. Journal of Orofacial Orthopedics 1999;60:427-34
- Carine Carels; Frans P. G. M. Van Der Linden. Concepts on functional appliances’ mode of action. Am J Orthod Dentofac Orthop 1987;92:162-8.
- David S. Carlson. Theories of Craniofacial Growth in the Postgenomic Era. Semin Orthod 2005,11:172–183