Nesses dias acirrados de campanhas políticas, onde a polarização extrema tomou conta da razão, cabe aqui uma reflexão acerca da relação da política, saúde e o nosso consultório. Sem querer tomar partido para qualquer lado, influenciar ou tentar convencer qualquer um que esteja lendo esse post, minha intenção maior, nesse momento, é tentar mostrar as inter relações que existem, no aspecto macroambiental, entre a política e a saúde e dessas com o microambiente do nosso consultório.
A OMS define saúde como “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade”. Por essa definição, entendemos que saúde deve considerar muito mais que apenas os aspectos das patologias e suas curas, que podem ser diagnosticadas e tratadas nos consultórios, clínicas ou hospitais. As interferências ambientais, sociais e políticas que possam prejudicar a nossa sensação de bem-estar também podem causar diversas doenças, stress, inseguranças, medos, falta de perspectivas no futuro e grande ansiedade. Esses “males” não possuem um agente biológico patogênico que possa ser tratado com medicamentos. Esses males têm suas origens nas decisões políticas sobre a condução da saúde populacional e, principalmente, nas decisões econômicas tomadas pelos governantes no que diz respeito à condução da economia e aos investimentos em saúde, segurança, saneamento e educação. Esses são os pilares para uma boa saúde física e mental!
E o consultório? Onde se enquadra nessa perspectiva?
Nas conduções equivocadas das escolhas dos investimentos! Planos mirabolantes, sobretudo na economia, levam a resultados catastróficos com reflexos diretos sobre a prestação de serviços em saúde. Perda de empregos e a insegurança nos rumos da economia fazem com que todos assumam uma postura defensiva quanto ao investimento pessoal em saúde. Nessa hora, somente o inadiável se torna tratável.
A falta de uma política na educação, principalmente voltada para o controle da abertura de novos cursos, infesta o mercado que já possui o maior número de dentistas do mundo, atingindo em algumas áreas, o dobro do número de profissionais recomendados pela OMS. Mesmo com esses números grandiosos, não se vê um planejamento político efetivo para resolver outro número igualmente alarmante: O Brasil possui 18 milhões de desdentados!
Embora esteja escrito na Constituição, a saúde como “direito de todos e dever do Estado”, ela anda meio esquecida na cabeça dos governantes pois, no seu conceito amplo, significa mais do que um paciente na sua cadeira!
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