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ortodontia preventiva

Quando nascem os dentinhos?

Pergunta frequente no nosso dia-a-dia de atendimento e que representa uma ansiedade, principalmente das mães, diz respeito ao “nascimento” dos dentes, tanto os de leite quanto os permanentes. Nesse aspecto, cabem algumas considerações interessantes para um melhor esclarecimento:

No aspecto evolutivo, a espécie humana é classificada como difiodonte, isso é, apresenta, durante a sua vida, dois conjuntos de dentes naturais, denominados de dentes decíduos (dentes de leite) e dentes permanentes (definitivos). Porém, o “nascimento” e as trocas dos dentes decíduos pelos permanentes acontecem por etapas, o que faz com que, durante o crescimento da criança, possam ser identificadas três fases distintas denominadas de dentadura decídua, mista e permanente. O termo dentadura empregado aqui diz respeito ao conjunto de dentes naturais presentes no arco dentário.
A formação da dentadura decídua se inicia por volta dos 6 meses de idade da criança, com o aparecimento dos incisivos inferiores e estará completa aos 2 anos de idade. Durante esse período o “nascimento” dos dentes de leite irá ocorrendo progressivamente até que os 20 dentes que compõem todo esse conjunto, sendo 5 dentes por hemi-arco, estejam em boca. Eventuais atrasos ou antecipações do início do “nascimento” dos dentes decíduos não representa um problema ou implicação clínica.
A fase de transição, chamada de dentadura mista, também acontece em etapas onde o seu início, marcado pelo “nascimento” do primeiro molar permanente, acontece por volta dos 6 anos de idade e é acompanhado pela troca dos incisivos inferiores e superiores decíduos pelos seus sucessores permanentes. Essa etapa, denominada de primeiro período transitório, finaliza por volta dos 8 anos de idade. A partir dessa idade, até aproximadamente aos 10 anos, existe um período onde não acontecem trocas de dentes (período intertransitório), mas alterações intra-ósseas na formação dos germes dentários dos permanentes podem ser observadas radiograficamente. Somente por volta dos 10 anos temos o início da última fase de trocas de dentes que compreende a substituição dos caninos e molares decíduos pelos seus sucessores, além do “nascimento” do segundo molar permanente, aos 12 anos de idade, que marca o fim da fase de transição.
A partir dos 12 anos, os arcos dentários apresentam todos os dentes permanentes em boca, caracterizando a dentadura permanente, com 28 dentes. A única exceção relaciona-se à presença dos terceiros molares (cisos) cuja variabilidade na época de nascimento e formação é extremamente grande.

Para ler mais:

Referências:

Frans P. G. M. Van Der Linden – Ortodontia: Desenvolvimento da dentição. Quintessence, 1983

27 de outubro de 2023 0 comentário

Ortodontia

Aparelho funcional de Bimler na interceptação da Classe II.

escrito por eniomazzieiro

Os tratamentos ortopédicos funcionais, conduzidos por uma variedade de aparelhos desenvolvidos ao longo dos tempos, propõem tratar os diversos problemas de más oclusões dentoesqueléticas. Dessa forma, temos aparelhos funcionais indicados para o tratamento de discrepâncias de Classes I, II e III, mordidas abertas, sobremordidas profundas e suas possíveis combinações.

O fundamento da ortopedia funcional dos maxilares se baseia nos princípios da teoria de crescimento da matriz funcional de Moss, onde um novo “padrão funcional”, estabelecido pelo aparelho, determinará um “novo padrão morfológico” de crescimento maxilo-mandibular e o reposicionamento dentário .

O novo “padrão funcional” se refere aos diferentes componentes do sistema orofacial, como a língua, lábios, musculatura facial, ligamentos e periósteo, enquanto o novo “padrão morfológico” às diferentes alterações dentárias estabelecidas pelo aparelho e ao novo equilíbrio esquelético entre maxila e mandíbula decorrente do estímulo de crescimento em quantidade e direção.

Embora, na teoria, os aparelhos funcionais estabeleçam novos padrões de crescimento, vale lembrar que o crescimento craniofacial apresenta uma grande complexidade, sendo influenciado por fatores genéticos e epigenéticos, onde a genética impõem as suas limitações. Em outras palavras, NÃO FABRICAMOS GIGANTES! Além disso, como esses aparelhos visam redirecionar o crescimento craniofacial, torna-se imperativo que o paciente esteja ainda em fase ativa de crescimento.

O Modelador Elástico de Bimler foi descrito pela primeira vez em 1949 e apresenta três variações de acordo com o tipo de má oclusão a ser tratada. O tipo A normalmente é o mais utilizado e está indicado para os casos de Classe II divisão 1. O seu desenho permite o reposicionamento mandibular, retrusão dos incisivos superiores, expansão dentoalveolar e a interceptação da sobremordida em desenvolvimento.

Ortodontia e Ortopedia | Elosul Passo Fundo — Aparelho Modelador de Bimler tipo A

O tipo B é indicado para o tratamento da Classe II divisão 2 onde é necessário a vestibularização dos incisivos centrais, que nessa má oclusão se posicionam mais palatinizados. A ativação de uma mola Coffin ou de um parafuso, posicionado na estrutura palatina do aparelho, pode ajudar na expansão transversal. A ativação de molas digitais, localizadas na palatina dos incisivos superiores, vestibularizam esses dentes, permitindo o avanço mandibular.

O tipo C está indicado para as interceptações da Classe III.

Interceptação de uma Classe II, divisão 1, sobremordida profunda com aparelho de Bimler

Para ler mais:

Referências bibliográficas:

Anna Barbara Bimler, Treatment of Class II/2 Occlusion with 30-Year Follow-up. Case Report. Journal of Orofacial Orthopedics 1999;60:427-34
Carine Carels; Frans P. G. M. Van Der Linden. Concepts on functional appliances’ mode of action. Am J Orthod Dentofac Orthop 1987;92:162-8.
David S. Carlson. Theories of Craniofacial Growth in the Postgenomic Era. Semin Orthod 2005,11:172–183

28 de agosto de 2023 0 comentário

Ortodontia

Devemos tratar as Classes II precocemente?

escrito por eniomazzieiro

A Classe II de Angle se caracteriza por uma discrepância anteroposterior entre o tamanho da maxila e da mandíbula, onde se observa um posicionamento mandibular mais posterior em relação à maxila e um relacionamento entre os molares permanentes em distoclusão. Algumas combinações dentárias e esqueléticas estão presentes nessa má oclusão, o que determinam diferentes graus de projeção ou retroinclinação de incisivos superiores e de trespasses horizontais e verticais.

O tratamento dessa má oclusão pode envolver diversos tipos diferentes de aparelhos ortopédicos ou ortodônticos, como o extra-bucal, o bionator, o modelador de Bimler, o Frankell, o Herbest, os distalizadores intrabucais, aparelhos fixos com extrações dentárias e compensações dentoalveolares e, nos casos mais severos, cirurgias ortognáticas.

A literatura tem mostrado uma tendência de se postergar o tratamento para uma fase mais próxima do pico de crescimento puberal dos pacientes, pois evita-se um tratamento longo, possivelmente desgastante, com menor efetividade e maior custo. Contudo, a discussão entre a realização do tratamento em uma ou duas fases ainda não se encerrou e devemos estar atentos a alguns fatores que indiquem a necessidade de se atuar precocemente na interceptação dessa má oclusão.

Pacientes que apresentam projeções exageradas dos incisivos superiores, que possam elevar o risco de fraturas desses dentes, devem ser tratados mais precocemente. Também aqueles casos com sobremordidas profundas bastante acentuadas, que chegam a “tatuar” o palato, devem sempre iniciar o tratamento imediatamente, evitando-se o agravamento da projeção dos incisivos superiores, aumento da sobremordida profunda e perdas ósseas periodontais.

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/pendulum-construa-certo-para-ter-bons-resultados/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/mas-oclusoes-quantos-tipos-existem/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/aparelho-extrabucal-ultrapassado-ou-somente-antiestetico/

Paciente com 8 anos e 3 meses. Classe II, divisão 1, sobremordida profunda. 1PP = 116 e curva de Spee plana

Paciente 2 anos depois, sem tratamento. Aumento do ângulo 1PP e da curva de Spee.

Referências:

Lorne D. Koroluk, et al. Incisor trauma and early treatment for Class II
Division 1 malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2003;123:117-26.
Julia von Bremen, and Hans Pancherz. Efficiency of early and late Class II Division 1 treatment. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2002;121:31-7.
Tiziano Baccetti, Lorenzo Franchi, and James A. McNamara, Jr. The Cervical Vertebral Maturation (CVM) Method for the Assessment of Optimal Treatment Timing in Dentofacial Orthopedics. Semin Orthod 11:119–129 2005.

5 de outubro de 2020 0 comentário

Ortodontia

O que devemos tratar durante a fase da dentição decídua?

escrito por eniomazzieiro

A fase de dentição decídua, também conhecida como fase dos dentes de leite ou dentição primária, corresponde a uma primeira etapa do desenvolvimento da dentição humana. A espécie humana caracteriza-se por ser difiodonte, isso é, apresentar, durante o seu desenvolvimento, duas dentições, a decídua e a permanente.

A dentição decídua começa a se desenvolver ainda durante a vida intra-uterina, com a formação dos germes dentários que irão passar por diversas fases, culminando com o seu irrompimento na cavidade bucal. Os primeiros dentes a nascerem, por volta dos 6 a 8 meses de idade, são os incisivos centrais inferiores. A partir daí, os demais dentes vão irrompendo até que, por volta de 2 a 2,5 anos de idade das crianças, todos os dentes decíduos já estão em boca. Nessa época, podemos então distinguir os incisivos centrais, laterais, caninos e primeiros e segundos molares decíduos superiores e inferiores, totalizando 20 dentes. Pequenas variações cronológicas do início e do final da etapa eruptiva, bem como a sequência de irrupção dos dentes possuem pouco significado clínico e praticamente nenhum problema a ser interceptado. Ao conjunto de dentes decíduos, agora presentes na boca, denominamos de dentadura decídua.

São características de normalidade da dentadura decídua:

Ausência de curvas oclusais (curva de Spee e de Wilson)
Presença dos espaços primatas
Arcos Tipo I ou Tipo II de Baume (com ou sem diastemas entre os incisivos)
Ângulo interincisivos próximo a 180 graus
Mordida de topo

Se nenhum fator ambiental como o hábito de sucção de dedo ou chupeta, as perdas prematuras de dentes decíduos por cárie ou traumatismos e a respiração bucal interferirem nos processos normais de crescimento, a dentadura decídua permanecerá estável em todas as sua dimensões até aproximadamente aos seis anos, quando a irrupção do primeiro molar permanente caracterizará o início de uma etapa intermediária do desenvolvimento oclusal, onde existirão a presença de dentes decíduos e permanentes na boca, denominada de fase da dentadura mista.

Problemas a serem interceptados durante a fase de dentadura decídua:

perdas prematuras de dentes decíduos
Mordidas cruzadas posteriores e anteriores
Mordidas abertas associadas aos hábitos de sucção não nutritiva e/ou respiração bucal

Referências:

Peter Ngan; Henry Fields. Orthodontic diagnosis and treatment planning in the primary dentition. Jour. Dent. Children– January-February 1995
Louis J. Baume. Physiological tooth migration and its significance for the development of occlusion. 1. The biogenetic course of the deciduos dentition. Dental Res. 29(2):123-32 1950

25 de março de 2017 0 comentário