Os anticonvulsivantes (ACs) são drogas utilizadas no controle da epilepsia, um distúrbio neurológico que afeta o sistema nervoso central, desencadeia episódios convulsivos e de cura ainda desconhecida. A utilização dessas drogas durante a gestação representa uma grande preocupação, pois seus efeitos teratogênicos, principalmente durante o primeiro trimestre de gravidez, podem resultar em diversas más formações. O grande desafio reside no controle dos episódios convulsivos com a utilização da menor dose possível dos medicamentos.
As principais más formações induzidas pela utilização dos ACs incluem microcefalia, retardo do crescimento, hipoplasias da face média e dedos, defeitos do tubo neural, defeitos cardíacos congênitos, hipospádia, anomalias esqueléticas, problemas cognitivos e fissuras orofaciais. O risco de ocorrência das fissuras orofaciais aumentam em dez vezes (10:1000 nascimentos) quando a gestante está exposta ao fenobarbital, valproato de sódio ou ao topiramato, em comparação à incidência normal na população geral (1:1000 nascimentos). Além disso, estudos mostram que as terapias multidrogas apresentam maiores possibilidades de más formações quando comparadas às monoterapias.
Os efeitos teratogênicos dessas drogas devem ser bem esclarecidas às usuárias para que tenham conhecimento dos riscos de uma gravidez com possíveis más formações, uma vez que a suspensão dos medicamentos pode não representar uma solução viável. A difícil decisão entre engravidar e correr o risco de ter uma criança com más formações, com consequências para toda a vida, deve ser bem avaliada.
Para ler mais:
Referências:
- Bogdan J. Wlodarczyk, Ana M. Palacios, Timothy M. George, and Richard H. Finnell. Antiepileptic Drugs and Pregnancy Outcomes. Am J Med Genet A; 2012;158A:2071-2090
- S. Hernandez-Díaz, C.R. Smith, A. Shen, R. Mittendorf, W.A. Hauser, M. Yerby, L.B. Holmes. Comparative safety of antiepileptic drugs
during pregnancy. Neurology; 2012;78:1692–1699.