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interceptação

Devemos tratar as Classes II precocemente?

A Classe II de Angle se caracteriza por uma discrepância anteroposterior entre o tamanho da maxila e da mandíbula, onde se observa um posicionamento mandibular mais posterior em relação à maxila e um relacionamento entre os molares permanentes em distoclusão. Algumas combinações dentárias e esqueléticas estão presentes nessa má oclusão, o que determinam diferentes graus de projeção ou retroinclinação de incisivos superiores e de trespasses horizontais e verticais.

O tratamento dessa má oclusão pode envolver diversos tipos diferentes de aparelhos ortopédicos ou ortodônticos, como o extra-bucal, o bionator, o modelador de Bimler, o Frankell, o Herbest, os distalizadores intrabucais, aparelhos fixos com extrações dentárias e compensações dentoalveolares e, nos casos mais severos, cirurgias ortognáticas.

A literatura tem mostrado uma tendência de se postergar o tratamento para uma fase mais próxima do pico de crescimento puberal dos pacientes, pois evita-se um tratamento longo, possivelmente desgastante, com menor efetividade e maior custo. Contudo, a discussão entre a realização do tratamento em uma ou duas fases ainda não se encerrou e devemos estar atentos a alguns fatores que indiquem a necessidade de se atuar precocemente na interceptação dessa má oclusão.

Pacientes que apresentam projeções exageradas dos incisivos superiores, que possam elevar o risco de fraturas desses dentes, devem ser tratados mais precocemente. Também aqueles casos com sobremordidas profundas bastante acentuadas, que chegam a “tatuar” o palato, devem sempre iniciar o tratamento imediatamente, evitando-se o agravamento da projeção dos incisivos superiores, aumento da sobremordida profunda e perdas ósseas periodontais.

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/pendulum-construa-certo-para-ter-bons-resultados/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/mas-oclusoes-quantos-tipos-existem/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/aparelho-extrabucal-ultrapassado-ou-somente-antiestetico/

Paciente com 8 anos e 3 meses. Classe II, divisão 1, sobremordida profunda. 1PP = 116 e curva de Spee plana

Paciente 2 anos depois, sem tratamento. Aumento do ângulo 1PP e da curva de Spee.

Referências:

Lorne D. Koroluk, et al. Incisor trauma and early treatment for Class II
Division 1 malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2003;123:117-26.
Julia von Bremen, and Hans Pancherz. Efficiency of early and late Class II Division 1 treatment. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2002;121:31-7.
Tiziano Baccetti, Lorenzo Franchi, and James A. McNamara, Jr. The Cervical Vertebral Maturation (CVM) Method for the Assessment of Optimal Treatment Timing in Dentofacial Orthopedics. Semin Orthod 11:119–129 2005.

5 de outubro de 2020 0 comentário

Ortodontia

Protocolo clínico para interceptação de mordida cruzada anterior.

escrito por eniomazzieiro

A interceptação das mordidas cruzadas anteriores esqueléticas representam um grande desafio para os ortodontistas, haja vista sua complexa etiologia, tratamento prolongado e resultados faciais e dentários inesperados ao longo do tempo. Contudo, não podemos negligenciar a época certa de se tentar reequilibrar o crescimento maxilo-mandibular. Para tanto, recomenda-se a utilização de uma mecânica ortopédica, com a associação de um disjuntor maxilar à uma mascara de protração. Embora outras mecânicas possam ser utilizadas, como por exemplo mentoneira, aparelhos ortopédicos funcionais, arco de progenia, dentre outros, a protração maxilar é a que tem mostrado maiores resultados satisfatórios.

O disjuntor maxilar, com ganchos vestibulares, deve ser instalado em todos os casos de tração reversa. Sua função primordial relaciona-se com a desestabilização da maxila em torno de suas suturas, favorecendo um resultado ortopédico da tração, independente da presença ou não de uma mordida cruzada posterior. Além disso, a presença dos ganchos vestibulares permitem a instalação dos elásticos de tração que se ligarão à mascara facial.

Disjuntor com ganchos: A – vista oclusal. B – Vista lateral

Após a disjunção, instala-se imediatamente a máscara de protração. Existem diversos modelos pré-fabricados no mercado. As mais comuns são as do tipo Delaire e Petit. Embora diferentes nas suas arquiteturas, a finalidade se mantém, ou seja, representam um suporte rígido extra-oral para a fixação dos elásticos de tracionamento anterior da maxila. Esses elásticos devem imprimir uma força entre 400 a 500g por lado e devem ser utilizados, idealmente, durante 24 horas por dia, até que se consiga um trespasse horizontal positivo de pelo menos 3mm. A tração deve ser direcionada para baixo e para frente, numa angulação de aproximadamente 20 graus em relação ao plano oclusal. Obtido o trespasse ideal, a máscara deve ser utilizada como contenção, 8 horas diárias, por um período de 12 meses.

Máscara facial. A- Tipo Delaire. B- Tipo Petit

Após essa fase de contenção podemos retirar o disjuntor e a máscara e optar por apenas acompanhar o paciente semestralmente, instalar uma mentoneira noturna nos casos de pacientes hiperdivergentes ou ainda um aparelho funcional. Nesse último caso, a instalação de um Frankell III tem sido a primeira escolha. Na opção de se instalar qualquer dispositivo ortodôntico, recomenda-se a avaliação trimestral dos pacientes, controlando o crescimento maxilo-mandibular. Detectado qualquer recidiva da classe III, avalia-se a possibilidade de retomar a tração reversa. Caso contrário, se o crescimento se mantiver equilibrado, acompanha-se as trocas de dentes, aguardando o momento ideal para uma segunda fase de tratamento com aparelhos fixos, se necessário.

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/mordidas-cruzadas-anteriores-quando-tratar/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/aparelho-de-frankel-iii-nas-contencoes-das-protracoes-maxilares/

16 de setembro de 2019 0 comentário

Ortodontia

Mordidas cruzadas anteriores: Quando tratar?

escrito por eniomazzieiro

As mordidas cruzadas anteriores possuem diversas etiologias. Podem representar apenas um mau posicionamento dentário ou a expressão de um desequilíbrio entre as bases ósseas da maxila e da mandíbula, chamada de classe III verdadeira. Nesse último caso, ainda podem existir diversas combinações entre essas discrepâncias esqueléticas, originando más oclusões semelhantes clinicamente, mas com diagnósticos e prognósticos distintos.

Embora o aspecto clínico da classe III denote em uma mandíbula mais anteriorizada em relação à maxila, o trabalho de GUYER evidenciou o comprometimento maxilar em mais de 50% dos casos, onde ela se apresentou menor que o padrão de normalidade e retraída na face. Esse fato, associado ao término do crescimento maxilar mais precoce do que o da mandíbula, justifica a abordagem interceptora de tracionamento maxilar.

Diversas pesquisas clínicas apontam que o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, pois pacientes nas faixas etárias entre 4 a 7 anos apresentaram resultados mais favoráveis à terapia, quando comparados aos grupos em idades entre 7 a 10 e 10 a 14 anos. Embora todos os grupos terem apresentados resultados satisfatórios, maior ganho esquelético foi observado entre as crianças em idades mais tenras.

A grande dúvida em relação às abordagens precoces das classes III verdadeiras residem no fato de que o controle sobre o crescimento facial desequilibrado pode ser apenas temporário, apresentando diferentes graus de recidiva, principalmente durante a fase da adolescência e que pode exigir de uma nova fase com planejamentos de tratamentos orto-cirúrgicos. Submeter a criança a longos tratamentos interceptores e com resultados esqueléticos e faciais inesperados ainda representam um grande dilema e que devem ser explicados e decididos junto com os familiares.

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/aparelho-de-frankel-iii-nas-contencoes-das-protracoes-maxilares/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/ortopedia-facial-fabricamos-gigantes/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/semelhantes-porem-diferentes-diagnosticando-um-pseudo-prognatismo-mandibular/

Referências

GUYER, E.C. et al Components of Class III maloclusion in Juveniles and Adolescents Angle Orthodont. v.56, p.7-30, 1986
KAPUST, A. J. ; SINCLAIR, P.M. ; TURLEY, P.K. Cephalometric effects of face mask/expansion therapy in Class III children: A comparison of three age groups. Amer. J. Orthod. Dentofac. Orthop. v.113, n.2, p.204-12, 1998.
SILVA Fº O.G. ; MAGRO, A.C. ; CAPELOZZA Fº L. – Early treatment of the Class III maloclusion with rapid maxilary expansion and maxillary protraction. Amer. J. Orthod. Dentofac. Orthop. v.113, n.2, p.196-203, 1998.

5 de setembro de 2019 0 comentário

Ortodontia

O “Leeway space” serve para quê?

escrito por eniomazzieiro

As terminologias “leeway space”, espaço livre de Nance ou espaço E, são utilizadas na literatura para descrever os espaços que aparecem nos arcos maxilares e mandibulares durante a transição dos segundos molares decíduos pelos seus sucessores permanentes. Normalmente o segundo pré-molar apresenta sua dimensão mesiodistal (DMD-p) menor que a do segundo molar decíduo (DMD-m), o que propicia o surgimento de diastemas nessa região, na fase final do segundo período transitório. Os espaços inferiores são ligeiramente maiores que os superiores e representam, em média, 1,7 mm e 0,9 mm para cada hemiarco, respectivamente.

A presença e a característica desses espaços favorecem o ajuste natural da relação anteroposterior dos primeiros molares permanentes, que normalmente se encontram numa relação de topo, devido ao posicionamento em plano terminal reto dos segundos molares decíduos, quando se considera um paciente equilibrado. Idealmente, o “leeway space” deveria ser utilizado para esse ajuste natural da oclusão.

Contudo, nos casos em que o paciente apresenta apinhamentos leves ou moderados dos incisivos inferiores, pode-se lançar mão desses espaços no intuito de diminuir ou eliminar os apinhamentos anteriores, evitando-se grandes desgastes interproximais e/ou extrações dentárias. Para essa finalidade, normalmente utiliza-se um arco lingual inferior ou um bumper, impedindo a mesialização dos molares inferiores. Nesse momento, devemos pensar em uma mecânica de distalização dos molares superiores para restabelecermos a relação interarcos normal entre esses dentes, uma vez que o ajuste natural dessa oclusão foi impedida de ocorrer. Um aparelho extrabucal ou um Pendulum podem ser instalados com essa função!

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/o-que-o-odontopediatra-e-o-ortodontista-devem-saber-para-indicar-e-executar-corretamente-uma-abordagem-interceptora/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/aparelho-pendulum-opcao-na-distalizacao-dos-molares/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/aparelho-extrabucal-ultrapassado-ou-somente-antiestetico/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/arco-lingual-simples-e-eficiente-no-gerenciamento-de-espacos/

Referencias:

Peter Ngan ; Randy G. Alkire, ; Henry Fields Jr. Manegement fo space problems in the primary and mixedd dentitions. JADA, Vol. 130, P.1330-39, September 1999
Ronald A.Bell, Andrew Sonis. Space supervision and guidance of eruption in management of lower transitional crowding: A non-extraction approach. Semin Orthod 2014; 20:16–35.

14 de junho de 2019 0 comentário

Ortodontia

Aparelho de Frankel III nas contenções das protrações maxilares.

escrito por eniomazzieiro

As discrepâncias esqueléticas de Classe III de Angle são caracterizadas clinicamente pela protrusão da mandíbula em relação à maxila, no sentido anteroposterior. Etiologicamente podem ser originadas à partir de uma maxila subdesenvolvida, uma mandíbula hiperdesenvolvida ou uma combinação entre esses dois fatores. Embora esses sejam os fatores etiológicos mais comumente aceitos, diversos outros podem estar envolvidos nessa má oclusão. Em um trabalho clássico na literatura, Guyer (1986) determinou 27 tipos diferentes de Classes III, quando diversos aspectos dentários e esqueléticos foram avaliados e combinados entre si. Apesar dessa variedade, em 25% dos casos o posicionamento da maxila se mostrou retraído em associação com uma mandíbula normal e em outros 22% existiu uma combinação de maxila retruída e mandíbula protruída. Dessa forma, podemos inferir que, em aproximadamente 47% dos casos de Classes III, existe um comprometimento da maxila no sentido anteroposterior. Esse fato, associado às dificuldades mecânicas impostas por essa má oclusão, faz com que a terapia de escolha, na maioria dos casos, recaia sob a protração maxilar associada à disjunção palatina.

Essa abordagem terapêutica interceptora possui grande respaldo na literatura científica mas normalmente demanda de um longo tempo e pode trazer resultados inesperados a longo prazo, pois não devemos nos esquecer dos componentes hereditários dessa má oclusão que se manifestam durante todo crescimento. Contudo, após a fase de tração, devemos pensar em um aparelho que possa auxiliar na contenção desse novo posicionamento maxilo-mandibular. Dentre as opções existentes, o aparelho de Frankel III se mostra bastante interessante, uma vez que redireciona o crescimento mandibular e permite um crescimento maxilar transversal e anteroposterior. A arquitetura do aparelho, com escudos acrílicos vestibulares, botão labial superior e um arco vestibular inferior conferem uma rigidez estrutural e possibilitam uma adequação da musculatura da face e dos lábios. Esse aparelho pode ser utilizado durante toda a fase de desenvolvimento oclusal, sendo somente substituído por aparelhos fixos após a completa erupção dos dentes permanentes. Nesse momento deve-se avaliar criteriosamente a necessidade ou não da utilização dos aparelhos fixos, lembrando que o alinhamento e o nivelamento dos dentes pode desfazer toda a compensação conseguida durante a primeira fase de tratamento.

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/ortopedia-facial-fabricamos-gigantes/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/mas-oclusoes-quantos-tipos-existem/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/semelhantes-porem-diferentes-diagnosticando-um-pseudo-prognatismo-mandibular/

Bibliografia:

Guyer, E.C.; Ellis III, E.E; McNamara Jr., J.A.; Behrents, R.G. Components od Class III malocclusion in joveniles and adolescents. Angle Orthod 1986 Jan; 56(1):7-30.
Hyoung S. Baik, Sung H. Jee, Kee J. Lee, Tae K. Oh. Treatment effects of Frankel functional regulator III in children with Class III malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2004; 125:294-301
Alyssa S. Levin, James A. McNamara, Jr., Lorenzo Franchi, Tiziano Baccetti, Christine Fränkel. Short-term and long-term treatment outcomes with the FR-3 appliance of Fränkel. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2008;134:513-24)

21 de março de 2019 0 comentário

Ortodontia

Sequência ideal de erupção: Outro mito?

escrito por eniomazzieiro

Durante o desenvolvimento da oclusão podemos destacar duas fases de erupção dentária. A primeira delas corresponde à erupção dos dentes decíduos e acontece, em média, entre os 6 aos 18 meses de idade. As variações na sequência e na idade cronológica de erupção dos dentes decíduos não têm mostrado comprometimentos clínicos significativos e, por isso, na maioria das vezes não demandam de maiores cuidados.

A segunda fase inicia-se na transição dos dentes decíduos pelos permanentes, por volta dos 6-7 anos de idade e termina em torno dos 12 anos. Essa etapa compreende três períodos onde os grupos de dentes anteriores e posteriores apresentam uma marcada diferença na sua cronologia e sequência de erupção, determinando o primeiro período transitório, o inter-transitório e o segundo período transitório. A literatura estabelece que, nessa fase, a sequência mais favorável para a erupção dos dentes na maxila é representada por 6-1-2-4-5-3-7, com uma variante 6-1-2-4-3-5-7. Para a mandíbula, a sequência mais favorável é relatada como 6-1-2-3-4-5-7.

A ideia que se passa é que se o paciente apresenta essa sequência de erupção ele tem uma probabilidade de desenvolver uma oclusão normal. Contudo, o que se despreza nesse conceito são os demais possíveis fatores envolvidos na etiologia das más oclusões, sejam ambientais, genéticos ou hereditários e a própria variabilidade das sequências de erupção que existem. Mesmo consideradas como as mais favoráveis para o estabelecimento de uma oclusão normal, essas sequências apresentadas NÃO acontecem em uma proporção superior à 40% dos casos, o que significa dizer que, em 60% dos casos, o paciente apresenta outra sequência de erupção!

O que é importante então?

Verifique clinicamente e radiograficamente a erupção que cada paciente apresenta e determine se essa sequência que está acontecendo é ou não favorável a ele. Individualize os casos e atue interceptando aqueles que se mostram desfavoráveis. Para isso, um profundo conhecimento do desenvolvimento da oclusão, desenvolvimento dentário e procedimentos interceptores se fazem necessários!

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/o-que-o-odontopediatra-e-o-ortodontista-devem-saber-para-indicar-e-executar-corretamente-uma-abordagem-interceptora/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/tracao-rapida-x-tracao-lenta-o-mito-por-tras-da-extrusao-com-finalidade-protetica/

Referências:

LO, RT; MOYERS, RE. Studies in the etiology and prevention of malocclusion. I. The sequence of eruptionof the permanent dentition. Am J. Orthod 1953; 39:460-467
MOYERS, RE. Desenvolvimento da dentição e da oclusão. Ortodontia. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 4a ed., cap. 6, p.86-126

6 de julho de 2018 0 comentário

Ortodontia

Perda prematura de incisivos decíduos: Devo usar um mantenedor de espaço?

escrito por eniomazzieiro

A perda prematura de um dente decíduo pode ser entendida como a sua esfoliação em uma fase do desenvolvimento oclusal incompatível e anterior ao desenvolvimento e erupção do seu sucessor permanente. Pode ser resultante de problema periodontal, endodôntico e ou cárie extensa, o que torna impossível a sua permanência na cavidade bucal, necessitando ser extraído. Outro fator etiológico frequente é o traumatismo que pode ocasionar desde pequenas fraturas até a avulsão dentária.

Embora possa acontecer com qualquer dente decíduo, a literatura se debruça mais insistentemente nas interceptações das perdas dos molares decíduos, devido às conhecidas consequências oclusais resultantes dessas perdas e que sempre requerem abordagens terapêuticas dos ortodontistas e/ou odontopediatras, no intuito de minimizar os seus efeitos adversos e o desenvolvimento de uma má oclusão .

Enquanto a perda precoce dos molares decíduos encontra-se mais relacionada aos fatores higiênicos e de evolução das caries, a principal causa de perda prematura dos incisivos decíduos mostra uma forte relação com os traumas dentários, principalmente durante a aquisição das habilidades motoras das crianças. A dúvida diante desse fato reside na necessidade ou não da instalação de um mantenedor, uma vez que os relatos da literatura mostram uma certa ambiguidade quanto à real perda de espaço no segmento anterior dos arcos, o que ocasionaria futuros apinhamentos dos dentes permanentes.

Existindo ou não essa perda da dimensão no segmento anterior do arco, a instalação de um mantenedor também se justifica por outros motivos, pois evita o desenvolvimento de problemas secundários tais como:

Hábitos de interposição de língua durante a fala e a deglutição
Mordidas abertas
Problemas emocionais e estéticos
Bullying

O mantenedor deverá substituir estética e funcionalmente o incisivo perdido, principalmente se for o superior, e deverá permanecer em posição enquanto a erupção do sucessor não ocorrer. Controles radiográficos periódicos deverão ser realizados com a finalidade de se determinar a fase do desenvolvimento dentário do sucessor permanente. Uma boa referência para a época da remoção do mantenedor é o desenvolvimento dentário igual ou superior ao estágio 7 de Nolla.

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/o-que-o-odontopediatra-e-o-ortodontista-devem-saber-para-indicar-e-executar-corretamente-uma-abordagem-interceptora/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/o-que-devemos-tratar-durante-a-fase-da-denticao-decidua/

Bibliografia:

GIDEON HOLAND, HOWARD L. NEEDLEMAN. Premature loss of primary anterior teeth due to trauma – potential short- and long-term sequelae. Dental Traumatology 2014; 30: 100–106
NASSER AL-SHAHRANI, ABDULAZIZ AL-AMRI, FAHAD HEGAZI, KHALID AL-ROWIS, ABDULLAH AL-MADANI, KHALID S. HASSAN. The prevalence of premature loss of primary teeth and its impact on
malocclusion in the Eastern Province of Saudi Arabia. Acta Odontologica Scandinavica. 2015; 73: 544–549

7 de maio de 2018 0 comentário

Opinião

O que o Odontopediatra e o Ortodontista devem saber para indicar e executar corretamente uma abordagem interceptora

escrito por eniomazzieiro

A interceptação de uma má oclusão em desenvolvimento talvez represente a mais desafiadora área da Ortodontia. Embora as abordagens terapêuticas possam parecer menos complexas, a imprevisibilidade dos eventos biológicos inerentes à fase de crescimento e desenvolvimento em que os pacientes se encontram, colocam o Ortodontista numa eterna corda-bamba.

Associado a isso, o fato de que o primeiro contato de uma criança com um profissional da Odontologia se faz, na maioria das vezes, por meio de um odontopediatra, essa área se transforma num ponto de intercessão entre as duas especialidades, exigindo do odontopediatra a perícia clínica para uma correta indicação para tratamento dos problemas em desenvolvimento e o conhecimento da época ideal para serem interceptados. Para o ortodontista, as exigências tomam o campo do entendimento profundo dos pilares teóricos de diagnóstico, planejamento ortodônticos, crescimento craniofacial e dos desenvolvimentos dentário e da oclusão. De certa forma, podemos estabelecer que os profissionais de ambas especialidades devem se aprofundar nas seguintes áreas:

Crescimento e desenvolvimento craniofacial.
- Características de normalidade
- Discrepâncias verticais, horizontais e transversais
- Padrão de crescimento e influências genéticas
Desenvolvimento dentário.
- Odontogênese.
- Cronologia de erupção.
- Fases de desenvolvimento dentário de Nolla.
Desenvolvimento da oclusão.
- Características de normalidade da dentadura decídua, mista e permanente.
- Características dos períodos transitórios e intertransitório.
- Mecanismos compensatórios de ajuste da oclusão.
- Alterações dimensionais dos arcos dentários.
Etiologia das más oclusões.
Procedimentos terapêuticos para interceptações das más oclusões

Observe a necessidade de uma gama de conhecimento para a realização de uma boa interceptação. Contudo, o maior desafio encontra-se relacionado ao controle adequado dos desvios do crescimento, pois muitas interceptações podem ter resultados frustantes e inesperados ao longo do tempo, devido aos padrões genéticos herdados.

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/a-fase-do-patinho-feio-devo-utilizar-um-aparelho-fixo/

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/mordida-cruzada-posterior-quando-tratar/

23 de março de 2018 0 comentário

Ortodontia

Aparelho Pendulum: Opção na distalização dos molares.

escrito por eniomazzieiro

A distalização dos molares superiores representa um movimento frequentemente necessário nas interceptações e correções de más oclusões. Vários motivos podem ter levado esses dentes à um posicionamento inadequado, permitindo a sua mesialização e criando distoclusões. Alguns desses fatores podem englobar desde perdas prematuras de dentes decíduos, erupções ectópicas, perda de estrutura dentária por cáries ou até mesmo pequenas discrepâncias esqueléticas. O fato é que devemos pensar em meios de reposicionar esses dentes.

O pendulum representa uma das opções intrabucais para se realizar esse objetivo. De confecção extremamente simples possui uma ancoragem dentomucossuportada, onde os pré-molares ou molares decíduos são os suportes para a colagem do aparelho e o acrílico recobrindo o palato confere uma ancoragem mucosa sobre a base óssea. A distalização dos molares fica a cargo da ativação de uma mola de fio TMA que se insere em tubos palatinos. Especial atenção deve ser dada à essa ativação, pois torna-se necessário a incorporação de dobras de compensação na extremidade da mola que se insere nos tubos. A finalidade dessa compensação é permitir a distalização dos molares controlando a sua inclinação.

Dobra de compensação na mola de distalização

Apesar de eficiente, alguns efeitos colaterais do uso desse aparelho exigem cuidados especiais. Os principais deles referem-se à projeção indesejada dos incisivos superiores e à extrusão, inclinação e giro do molar. Para que isso não ocorra, pode-se associar, quando possível, um elástico de Classe II apoiado nos caninos superiores e uma metodologia de ativação progressiva das molas, controlando a quantidade de força e a inclinação da sua extremidade. Outra opção é associar o uso de extrabucal noturno neutralizando as forças de inclinação e extrusão.

Bibliografia:

Gero S. M. Kinzinger; Heiner Wehrbein; Peter R. Diedrich. Molar Distalization with a Modified Pendulum Appliance—In Vitro Analysis of the Force Systems and In Vivo Study in Children and Adolescents. Angle Orthod 2005;75:558–567.
Mêrian Lucena M. Leiros, Leão Pereira Pinto. Pendulum: distalização do molar com simplicidade
na confecção e utilização. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. Maringá, v. 9, n. 4, p. 108-132, jul./ago. 2004

Para ler mais:

https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/aparelho-extrabucal-ultrapassado-ou-somente-antiestetico/

8 de março de 2018 0 comentário

Ortodontia

Aparelho extrabucal: Ultrapassado ou somente antiestético?

escrito por eniomazzieiro

A história do desenvolvimento e do uso do aparelho extrabucal datam dos anos 1875 e representa um dos primeiros tipos de aparelhos desenvolvidos com intuito de se movimentar os dentes. Vários anos se passaram e diversos estudos comprovaram sua eficiência no controle do crescimento maxilar anteroposterior e vertical, alteração do plano palatino, distalização dos molares, controle de ancoragem, manutenção de espaços e tratamento das classes II. Esses resultados dentários e esqueléticos demonstram a versatilidade desse aparelho e a sua capacidade de alterar os arcos dentários, controlar o crescimento craniofacial e, principalmente, sem efeito colateral sobre os demais dentes.

A ausência dos efeitos colaterais sobre os demais dentes se deve à origem da aplicação da força do aparelho, que se apoia externamente à cavidade bucal, no crânio, e pode ser direcionada de diversas formas, modificando os resultados sobre dentes, osso alveolar e base óssea maxilar. Além das diferentes trações cranianas, a modificação do tamanho dos braços externos do arco extrabucal e sua altura em relação ao plano oclusal também refletem nos resultados dos movimentos esperados sobre os dentes, provocando intrusões, extrusões, inclinações e distalizações. Os efeitos sobre os dentes são úteis nos planejamentos dos casos de mordidas abertas ou sobremordidas profundas. O correto planejamento da tração externa associada ao tamanho e inclinação corretas dos braços externos do arco extrabucal é que confere a esse aparelho a sua grande utilidade e versatilidade.

Atualmente a utilização dos extrabucais tem reduzido drasticamente. Alguns profissionais chegam a justificar o seu pouco uso relacionando-o à uma abordagem ultrapassada. Isso não é verdade! Não existe nenhum aparelho de distalização com ancoragem intrabucal, ou até mesmos miniparafusos, capazes de produzirem os efeitos dos extrabucais ou sem provocar reações indesejadas nos dentes de ancoragem. Além disso, essas modernas mecânicas, mesmo eficientes no que se propõem, não são capazes de modificar ou controlar efetivamente as alterações esqueléticas do crescimento como um extrabucal faz.

Então, qual o real motivo do pouco uso? Estética!

Infelizmente esse aparelho apresenta uma deficiência estética que prejudica a sua aceitação, não apenas dos pacientes mas também de alguns pais. A sociedade moderna vive um momento de enaltecimento estético que sobrepõe, muitas vezes, à real necessidade de abordagens terapêuticas, tanto na sua aceitação quando necessária, quanto nos excessos desnecessários da busca da beleza.

Bibliografia:

Roberto Hideo SHIMIZU, Aldrieli R. AMBROSIO, Isabela A. SHIMIZU, Juliana de GODOY-BEZERRA,
Jucienne Salgado RIBEIRO, Katiane Regina STASZAK. Princípios biomecânicos do aparelho extrabucal. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. Maringá, v. 9, n. 6, p. 122-156, nov./dez. 2004

3 de março de 2018 0 comentário