A história do desenvolvimento e do uso do aparelho extrabucal datam dos anos 1875 e representa um dos primeiros tipos de aparelhos desenvolvidos com intuito de se movimentar os dentes. Vários anos se passaram e diversos estudos comprovaram sua eficiência no controle do crescimento maxilar anteroposterior e vertical, alteração do plano palatino, distalização dos molares, controle de ancoragem, manutenção de espaços e tratamento das classes II. Esses resultados dentários e esqueléticos demonstram a versatilidade desse aparelho e a sua capacidade de alterar os arcos dentários, controlar o crescimento craniofacial e, principalmente, sem efeito colateral sobre os demais dentes.
A ausência dos efeitos colaterais sobre os demais dentes se deve à origem da aplicação da força do aparelho, que se apoia externamente à cavidade bucal, no crânio, e pode ser direcionada de diversas formas, modificando os resultados sobre dentes, osso alveolar e base óssea maxilar. Além das diferentes trações cranianas, a modificação do tamanho dos braços externos do arco extrabucal e sua altura em relação ao plano oclusal também refletem nos resultados dos movimentos esperados sobre os dentes, provocando intrusões, extrusões, inclinações e distalizações. Os efeitos sobre os dentes são úteis nos planejamentos dos casos de mordidas abertas ou sobremordidas profundas. O correto planejamento da tração externa associada ao tamanho e inclinação corretas dos braços externos do arco extrabucal é que confere a esse aparelho a sua grande utilidade e versatilidade.
Atualmente a utilização dos extrabucais tem reduzido drasticamente. Alguns profissionais chegam a justificar o seu pouco uso relacionando-o à uma abordagem ultrapassada. Isso não é verdade! Não existe nenhum aparelho de distalização com ancoragem intrabucal, ou até mesmos miniparafusos, capazes de produzirem os efeitos dos extrabucais ou sem provocar reações indesejadas nos dentes de ancoragem. Além disso, essas modernas mecânicas, mesmo eficientes no que se propõem, não são capazes de modificar ou controlar efetivamente as alterações esqueléticas do crescimento como um extrabucal faz.
Então, qual o real motivo do pouco uso? Estética!
Infelizmente esse aparelho apresenta uma deficiência estética que prejudica a sua aceitação, não apenas dos pacientes mas também de alguns pais. A sociedade moderna vive um momento de enaltecimento estético que sobrepõe, muitas vezes, à real necessidade de abordagens terapêuticas, tanto na sua aceitação quando necessária, quanto nos excessos desnecessários da busca da beleza.
Bibliografia:
- Roberto Hideo SHIMIZU, Aldrieli R. AMBROSIO, Isabela A. SHIMIZU, Juliana de GODOY-BEZERRA,
Jucienne Salgado RIBEIRO, Katiane Regina STASZAK. Princípios biomecânicos do aparelho extrabucal. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. Maringá, v. 9, n. 6, p. 122-156, nov./dez. 2004