As mordidas cruzadas anteriores possuem diversas etiologias. Podem representar apenas um mau posicionamento dentário ou a expressão de um desequilíbrio entre as bases ósseas da maxila e da mandíbula, chamada de classe III verdadeira. Nesse último caso, ainda podem existir diversas combinações entre essas discrepâncias esqueléticas, originando más oclusões semelhantes clinicamente, mas com diagnósticos e prognósticos distintos.
Embora o aspecto clínico da classe III denote em uma mandíbula mais anteriorizada em relação à maxila, o trabalho de GUYER evidenciou o comprometimento maxilar em mais de 50% dos casos, onde ela se apresentou menor que o padrão de normalidade e retraída na face. Esse fato, associado ao término do crescimento maxilar mais precoce do que o da mandíbula, justifica a abordagem interceptora de tracionamento maxilar.
Diversas pesquisas clínicas apontam que o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, pois pacientes nas faixas etárias entre 4 a 7 anos apresentaram resultados mais favoráveis à terapia, quando comparados aos grupos em idades entre 7 a 10 e 10 a 14 anos. Embora todos os grupos terem apresentados resultados satisfatórios, maior ganho esquelético foi observado entre as crianças em idades mais tenras.
A grande dúvida em relação às abordagens precoces das classes III verdadeiras residem no fato de que o controle sobre o crescimento facial desequilibrado pode ser apenas temporário, apresentando diferentes graus de recidiva, principalmente durante a fase da adolescência e que pode exigir de uma nova fase com planejamentos de tratamentos orto-cirúrgicos. Submeter a criança a longos tratamentos interceptores e com resultados esqueléticos e faciais inesperados ainda representam um grande dilema e que devem ser explicados e decididos junto com os familiares.
Para ler mais:
https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/ortopedia-facial-fabricamos-gigantes/
Referências
- GUYER, E.C. et al Components of Class III maloclusion in Juveniles and Adolescents Angle Orthodont. v.56, p.7-30, 1986
- KAPUST, A. J. ; SINCLAIR, P.M. ; TURLEY, P.K. Cephalometric effects of face mask/expansion therapy in Class III children: A comparison of three age groups. Amer. J. Orthod. Dentofac. Orthop. v.113, n.2, p.204-12, 1998.
- SILVA Fº O.G. ; MAGRO, A.C. ; CAPELOZZA Fº L. – Early treatment of the Class III maloclusion with rapid maxilary expansion and maxillary protraction. Amer. J. Orthod. Dentofac. Orthop. v.113, n.2, p.196-203, 1998.
2 comentários
Qual nome desse aparelhinho do caso, Doutor?! Obrigada
Oi Karen esse é um disjuntor maxilar (expansor rápido maxilar) com ganchos na vestibular para protração (tração reversa) da maxila com máscara facial.