A interceptação das mordidas cruzadas anteriores esqueléticas representam um grande desafio para os ortodontistas, haja vista sua complexa etiologia, tratamento prolongado e resultados faciais e dentários inesperados ao longo do tempo. Contudo, não podemos negligenciar a época certa de se tentar reequilibrar o crescimento maxilo-mandibular. Para tanto, recomenda-se a utilização de uma mecânica ortopédica, com a associação de um disjuntor maxilar à uma mascara de protração. Embora outras mecânicas possam ser utilizadas, como por exemplo mentoneira, aparelhos ortopédicos funcionais, arco de progenia, dentre outros, a protração maxilar é a que tem mostrado maiores resultados satisfatórios.
O disjuntor maxilar, com ganchos vestibulares, deve ser instalado em todos os casos de tração reversa. Sua função primordial relaciona-se com a desestabilização da maxila em torno de suas suturas, favorecendo um resultado ortopédico da tração, independente da presença ou não de uma mordida cruzada posterior. Além disso, a presença dos ganchos vestibulares permitem a instalação dos elásticos de tração que se ligarão à mascara facial.
Após a disjunção, instala-se imediatamente a máscara de protração. Existem diversos modelos pré-fabricados no mercado. As mais comuns são as do tipo Delaire e Petit. Embora diferentes nas suas arquiteturas, a finalidade se mantém, ou seja, representam um suporte rígido extra-oral para a fixação dos elásticos de tracionamento anterior da maxila. Esses elásticos devem imprimir uma força entre 400 a 500g por lado e devem ser utilizados, idealmente, durante 24 horas por dia, até que se consiga um trespasse horizontal positivo de pelo menos 3mm. A tração deve ser direcionada para baixo e para frente, numa angulação de aproximadamente 20 graus em relação ao plano oclusal. Obtido o trespasse ideal, a máscara deve ser utilizada como contenção, 8 horas diárias, por um período de 12 meses.
Após essa fase de contenção podemos retirar o disjuntor e a máscara e optar por apenas acompanhar o paciente semestralmente, instalar uma mentoneira noturna nos casos de pacientes hiperdivergentes ou ainda um aparelho funcional. Nesse último caso, a instalação de um Frankell III tem sido a primeira escolha. Na opção de se instalar qualquer dispositivo ortodôntico, recomenda-se a avaliação trimestral dos pacientes, controlando o crescimento maxilo-mandibular. Detectado qualquer recidiva da classe III, avalia-se a possibilidade de retomar a tração reversa. Caso contrário, se o crescimento se mantiver equilibrado, acompanha-se as trocas de dentes, aguardando o momento ideal para uma segunda fase de tratamento com aparelhos fixos, se necessário.
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https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/mordidas-cruzadas-anteriores-quando-tratar/