A impacção dos caninos permanentes pode ser considerada como um desvio da erupção dentária, onde os caninos, uni ou bilateralmente, não irrompem na cavidade bucal, posicionando-se intraósseo no palato ou no vestíbulo bucal. A prevalência dessa anomalia é relatada na literatura e mostra uma variação entre 0,8 a 3% na população, com 85% dos casos posicionados palatinamente. Quanto ao dimorfismo sexual, o sexo feminino é acometido numa proporção de 2:1 quando comparado ao masculino.
Duas teorias buscam explicar as possíveis causas desse posicionamento inadequado dos caninos. Uma baseia-se nos aspectos ambientais locais que interferem de alguma maneira no caminho natural de erupção desses dentes, como o excesso de espaço intraósseo na região apical dos incisivos laterais, a hipoplasias ou aplasias dos incisivos laterais e, por fim, a base óssea maxilar constrita. A outra fundamenta-se nos aspectos genéticos e hereditários, como os distúrbios na formação da lâmina dentária e na forte recorrência familiar.
O diagnóstico clínico pode ser realizado observando-se a ausência dos caninos no arco, após os 12 anos de idade e a palpação da região vestibular e palatina associada com a presença de uma tumefação localizada nessa região. O radiográfico necessita de técnicas periapical, panorâmica e oclusal.
Isoladamente essas radiografias não são capazes de fornecer a localização precisa do canino impactado, tornando-se necessário a associação entre elas ou a utilização da técnica de Clark, onde uma sequência de periapicais, com deslocamento da incidência dos Raios X, determina o seu posicionamento. Contudo, mesmo realizando todas essas incidências radiográficas o aspecto bidimensional dessas técnicas se mostram inferiores aos resultados obtidos pelas tomografias computadorizadas (TC).
As imagens tridimensionais das TCs trouxeram avanços significativos na localização desses dentes, na visualização da proximidade com os dentes adjacentes e suas possíveis reabsorções radiculares e, principalmente, na determinação da direção da força a ser aplicada aos caninos, quando o tracionamento ortodôntico for necessário. Embora críticos da utilização das TCs possam argumentar quanto ao nível de radiação necessária para a sua realização, os modernos tomógrafos odontológicos, hoje já existentes no mercado, e a possibilidade desses equipamentos ionizarem áreas específicas, não necessitando de grandes áreas de exposições, marcam definitivamente a sua superioridade em relação às técnicas radiografias convencionais.
Para ler mais sobre o assunto: https://ortodontiamazzieiro.com.br/blog/caninos-impactados-e-a-reabsorcao-dos-incisivos/
REFERÊNCIAS
- Ehsan Eslami, Hamid Barkhordar, Kenneth Abramovitch, Jessica Kim, Mohamed I Masoud: Cone-beam computed tomography vs conventional radiography in visualization of maxillary impacted-canine localization: A systematic review of comparative studies. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2017; 151:248-58
- Sune Ericson, Juri Kurol: Incisor Root Resorptions Due to Ectopic Maxillary Canines Imaged by Computerized Tomography: A Comparative Study in Extracted Teeth. Angle Orthod 2000; 70:276–283.