As fissuras de lábio e/ou palato representam as deformidades faciais mais frequentes na espécie humana. Sua incidência mundial gira em torno de um caso novo a cada 1000 nascimentos. No Brasil, levantamentos epidemiológicos antigos apontam uma maior incidência, indicando um caso a cada 650 nascimentos.
A complexidade do tratamento dessa deformidade exige que uma equipe multidisciplinar acompanhe o paciente, desde o seu nascimento até os seus 20 anos de idade, período no qual o crescimento craniofacial já finalizou, sendo possível então a realização de cirurgias ortognáticas estabelecendo um correto equilíbrio esquelético e facial.
A ortodontia é uma das especialidades necessárias para a reabilitação destes pacientes. Talvez o ortodontista seja o profissional que mais acompanhe o tratamento das fissuras labiopalatinas, pois, em diversas etapas do protocolo de atendimento, a especialidade se faz necessária, adequando arcos dentários e a maxila transversalmente, preparando para enxertos ósseos alveolares e também para as cirurgias ortognáticas.
Podemos identificar três fases de tratamento ortodôntico nas reabilitações dessas deformidades:
- Ortodontia neo-natal: realizada durante alguns meses após o nascimento da criança, inicia-se nas primeiras semanas de vida e tem como objetivo a aproximação dos segmentos maxilares “soltos” para facilitar as cirurgias de queiloplastia.
- Ortodontia interceptora pré-enxerto ósseo: Inicia-se por volta dos 7-8 anos da criança e objetiva a preparação do arco maxilar para receber o enxerto ósseo secundário na região alveolar.
- Ortodontia corretiva: visa a correção final da oclusão dos pacientes já submetidos ao enxerto ósseo secundário, à preparação dos arcos para os enxertos terciários e, nos casos orto-cirúrgicos, a preparação para a cirurgia ortognática.
A Ortodontia é, sem dúvida, elemento primordial na construção desses sorrisos!