Foto: Moça diante de espelho – Pablo Picasso, 1932.
As más oclusões foram há muito tempo classificadas por Edward Hartley Angle, em 1899. Considerado um dos pais da Ortodontia moderna, o seu sistema baseou nas variações do relacionamento anteroposterior dos primeiros molares permanentes, quando em oclusão. Apesar de existirem diversas críticas quanto à classificação proposta, por ser estática, avaliar somente a relação dentária no sentido anteroposterior e não descrever as variações nas relações transversas e verticais, essa classificação permanece até hoje como referência para os ortodontistas de todo o mundo, pois se mostrou bastante simples e de fácil compreensão.
Considerado como referência, hipoteticamente, o primeiro molar superior estaria sempre bem posicionado no arco dentário e as alterações do relacionamento com seu antagonista estabeleceriam três possíveis situações:
- Uma relação ideal: A ponta da cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior ocluindo no sulco mesiovestibular do inferior, denominada de relação de Classe I.
- O molar inferior distalizado em relação ao superior, determinando uma Classe II.
- O Molar inferior mesializado em relação ao superior, determinando uma Classe III.
Ainda sob os critérios estipulados pelo autor, a Classe II apresentaria duas divisões que se diferenciariam pelo posicionamento dos incisivos superiores, mais vestibularizados (Divisão 1) ou mais palatinizados (Divisão 2). Além disso, cada divisão poderia apresentar uma subdivisão. Essa subdivisão também poderia existir nos casos de Classe III.
O que é a subdivisão?
A subdivisão foi determinada a partir da possibilidade das Classes II e III apresentarem, de um lado do arco, uma relação de molares ideal e do outro a relação de má oclusão. A partir dessa situação específica, alguns autores passaram a adicionar à descrição da subdivisão o lado em que os molares estavam bem posicionados, se esquerdo ou direito. Essa descrição, apesar de utilizada, não representa uma unanimidade entre os ortodontistas, pois muitos questionam se o que deveria ser descrito seria lado do posicionamento ideal dos molares ou o lado da má oclusão!
Na realidade, Angle nunca se preocupou em determinar essa diferenciação quanto ao lado da subdivisão e por um motivo bem simples: ISSO NÃO IMPORTA!
A verdadeira intenção, ao descrever a subdivisão, era alertar ao profissional que ele estava diante de um caso ASSIMÉTRICO e, que dessa forma, o ortodontista deveria pensar em mecânicas ASSIMÉTRICAS para se tratar o caso, seja com distalizações diferenciais entre os molares superiores, seja por utilização de elásticos intermaxilares assimétricos ou por extrações assimétricas nos arcos, optando-se por um ou três dentes a serem extraídos para a correção dessa má oclusão.