Estamos vivenciando uma mudança no perfil do paciente ortodôntico nos consultórios. Até uns 15 anos atrás, a grande maioria dos pacientes pertencia aos grupos de crianças e de adolescentes. Poucos adultos se dispunham ao tratamento e, quando o faziam, normalmente eram adultos jovens, com idade até 30 anos. Mas a realidade mudou! Estamos cada vez mais sendo requisitados para o atendimento de pacientes com idade superior a 40, 50 ou até 60 anos. Na verdade, idade nunca foi um impedimento para os tratamento, mas devemos estar atentos às limitações que ele possa determinar aos nossos planejamentos ortodônticos.
A população brasileira está passando por uma fase de envelhecimento. As novas famílias estão cada vez mais reduzindo o número de filhos, seja por opção, estilo de vida ou até mesmo pela conscientização dos desafios que a vida moderna impõe. Segundo os dados do IBGE, somos hoje 207 milhões de brasileiros vivendo no país e, a cada 20 segundos, nasce mais uma criança. Mas esses números não são suficientes para reverter a tendência de envelhecimento populacional já verificada nos últimos anos e que projetam uma população de idosos 3 vezes maior em 2050, quando comparada à população de 2010. As estimativas são de que a “virada” no perfil da população acontecerá em 2030, quando o número absoluto e o percentual de brasileiros com 60 anos ou mais de idade vão ultrapassar o de crianças de 0 a 14 anos. Daqui a 13 anos, os idosos chegarão a 41,5 milhões (18% da população) e as crianças serão 39,2 milhões, ou 17,6%.
Diante desse quadro, as perguntas que ficam são: Estamos nos preparando para essa mudança? Os cursos de Ortodontia, que formarão os novos profissionais, estão se adequando a essa realidade?
Embora os princípios dos tratamentos ortodônticos já estejam bem estabelecidos, a mudança do perfil do paciente provoca a necessidade do aprofundamento em outros conhecimentos, pois esses pacientes apresentam um turnover ósseo diferente quando comparado a de um adolescente, muitas vezes várias perdas dentárias, problemas periodontais moderados e severos, próteses já instaladas e muitos já com alguma doença crônica sistêmica. Há que se estabelecer novas relações interdisciplinares para as soluções dos problemas. Numa grande quantidade de casos o ortodontista será apenas um coadjuvante na reabilitação desse paciente e aí, a interação profissional será fundamental. Não adianta fechar os olhos, tapar a boca ou ouvidos, pois a realidade está posta e não tem como fugir. Só nos resta agir.
Pronto, falei!
Referências:
- http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,populacao-idosa-vai-triplicar-entre-2010-e-2050-aponta-publicacao-do-ibge,10000072724
- http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/